Sobre

A aranha se estende entre pontos e cantos diversos para tecer a frágil e quase invisível estrutura feita para capturar pequenos acontecimentos biopoéticos. Uma trabalheira.
Neste cenário de progressiva degeneração das condições ambientais em escala e dimensão inconcebíveis, olhamos para o sombrio horizonte sob a rubrica “extinção em massa de espécies” e nos perguntamos: como não ser capturadx pela profecia autorrealizável do fim, ocupando-nos de inventar e inventariar modos de prosseguir em alianças multiespécies? Como pular fora da armadilha colonial dessa temporalidade do progresso chamada “futuro”?
Urgente cultivar habilidades para responder ao tempo das catástrofes de um modo que não seja bárbaro (citando aqui Donna Haraway e Isabelle Stengers). Não basta dizer “não há jeito, ser humano não vai mudar”. Porque não se trata de um asteróide que subitamente porá termo a tudo. A árdua e complexa travessia será sentida momento a momento e, queira ou não, somos convocados a pensar. Temos de ficar com o problema de fabular as artes de viver num planeta devastado.
Este projeto pretende apenas ser uma pequena composteira-incubadora para praticarmos sair do Homo em direção ao Húmus sapiens, experimentando caminhos para tecer poéticas mais-que-humanas a partir de alianças e parentescos multiespécies. Botando reparo nas reparações possíveis com o corpo cheio de embriões de vida, é tempo de produzir efêmeros e preciosos florescimentos.
Atividade enquanto artista convidado: ativa(s)ões de "Com/er" e "Entre".